Recuperação sem futuro???
Não é novidade para ninguém que o sector da assistência em escala tem vivido nos últimos tempos, nomeadamente na retoma actividade neste período pós-pandemia, momentos de grande instabilidade transversais um pouco por toda a Europa, sendo que Portugal não é excepção.
A utilização de empresas de trabalho temporário para suprir necessidades que são claramente permanentes, a contratação directa de trabalhadores em regime de "part-time" e a consequente utilização desenfreada e por vezes desumana do trabalho extraordinário são indicadores inequívocos da "asiatização" que se apoderou deste sector, ou seja, e em termos simples, muito trabalho, trabalho pesado e horários penosos para pouco salário, vínculo incerto e vida interrompida.
No caso concreto da SPdH, o resultado era já esperado. Após o despedimento de centenas de trabalhadores no início da pandemia, a dificuldade no recrutamento e fixação de trabalhadores principalmente pela falta de factores de atractividade para as profissões do sector porque as empresas não investem ou investem pouco na fixação de activos humanos por via do reforço positivo, ou seja, pela oferta de postos de trabalho com perspectivas de futuro em termos de segurança e evolução salarial, com condições de laboração razoáveis e benefícios ao trabalhador, consentâneos com o nível de exigência e proficiência que é imposto pela actividade profissional.
A tudo isto, e para os trabalhadores que se encontram no activo, acresce, alem da penosidade e do excesso de trabalho suplementar, a utilização frequente de horários desumanos a que os trabalhadores estão sujeitos, com o regresso lento, mas perigoso das monofolgas, sem que seja considerado o imprescindível tempo de descanso e conciliação com a vida familiar - pilar fundamental para o bem estar de qualquer ser humano, reforçado pelas metas propostas pela Agenda do Trabalho Digno que teve lugar recentemente.
É urgente uma mudança deste paradigma, sob pena de transformarmos um sector sempre visto como sendo de ponta, nos aspectos técnicos e de segurança, numa ameaça ao valor que ainda acrescenta à aviação comercial no seu todo.
STTAMP. Mais perto de quem trabalha
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